terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Controle na compra e uso de defensivos


Para comprar defensivos agrícolas os produtores precisam de receita agronômica que só pode ser expedida por um engenheiro agrônomo. Além disso, o agricultor tem que cumprir várias obrigações como orientar quem aplica o produto, devolver as embalagens e construir um depósito adequado para armazená-las. Deve ainda ter vários outros cuidados no manuseio e transporte do produto.

Quem fiscaliza este setor é o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). As regras são bastante rígidas. O engenheiro agrônomo Márcio Almeida explica que quando o uso de defensivos agrícolas é considerado necessário, devem ser obtidas informações sobre o produto recomendado e locais onde podem ser obtidos. "Também é preciso ficar atento às dosagens, diluições, épocas e freqüência das aplicações".

O agricultor precisa observar o prazo de validade na hora de comprar o defensivo. Márcio diz ainda que o rótulo e a bula precisam estar legíveis, conforme determina a lei. Outra dica de Márcio é que o defensivo não pode ser aplicado nas horas mais quentes do dia. Na aplicação também é preciso respeitar o período de carência e o intervalo de segurança, ou seja, o número de dias entre a última aplicação e a colheita.

É preciso seguir o que está determinado na bula. Esta prática é fundamental para obedecer aos Limites Máximos de Resíduos (LMR), estabelecidos em lei. A higiene também é importante para quem lida com os defensivos agrícolas e ajuda a proteger a pessoa. As roupas devem ser trocadas todos os dias e o banho deve ser tomado com bastante água e sabonete para ensaboar bem o corpo. Já as roupas utilizadas para a aplicação dos defensivos devem ser lavadas separadas.

Antes de mexer com o produto, a dica é ler o rótulo e a bula com cuidado e atenção. "O produtor deve evitar manusear o defensivo próximo das crianças, animais e pessoas desprotegidas", aconselha Márcio.

A lei obriga o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) no manuseio de defensivos agrícolas. O empregador é obrigado a fornecer EPI e treinar o empregado no manuseio e aplicação de defensivos agrícolas. "O empregado que se recusar a usar EPI estará sujeito à demissão por justa causa justa causa".

Transporte

Ao transportar defensivos agrícolas, devem ser observados cuidados básicos para evitar riscos para a saúde humana, animal e ao meio-ambiente.

Nunca transportar o produto junto com alimentos, medicamentos ou rações animais.

Antes de carregar, retirar os pregos ou metais salientes ou lascas de madeira que porventura existirem nos veículos e, que podem perfurar as embalagens causando vazamentos.

O carregamento, empilhamento e a descarga das embalagens de defensivos agrícolas devem ser sempre feitos com cuidado.

Nunca colocar sobre as embalagens dos defensivos, volumes pesados que as possam danificar, ou que as façam cair, o que se consegue, procedendo-se a uma arrumação cuidadosa.

Não transportar embalagens abertas, furadas ou com vazamentos.

Não se deve transportar defensivos sem cobertura própria. É preciso protegê-los com uma cobertura de lona.

Todas as pessoas envolvidas no carregamento, arrumação e descarga de defensivos agrícolas devem utilizar equipamento de proteção adequado como avental, camisa de manga comprida, chapéu e luvas.

Não fumar, não beber, nem se alimentar sem antes lavar as mãos e o rosto com água e sabão.

Armazenagem

As embalagens devem ser mantidas sempre fechadas e abrigadas na sombra, em lugar seco e ventilado.

Os defensivos devem ser armazenados com segurança e fora do alcance de crianças, pessoas não habilitadas e animais.

Nunca devem ser armazenada no mesmo local em que haja alimentos, medicamentos ou rações dos animais.

Os defensivos devem ficar longe das fontes de abastecimento de água e de lugares que podem ser inundados durante a chuva.

Em caso de produtos estocados da safra anterior, devem-se reduzir os riscos de envelhecimento e ultrapassagem do prazo de validade, utilizando, primeiramente, os produtos remanescentes mais antigos.

As embalagens deverão ser inspecionadas regularmente para detectar as danificadas.

É proibido dividir as embalagens originais em quantidades menores para vendas a varejo e mesmo para utilizá-las na lavoura.

É desaconselhável a reembalagem em garrafas, sacos, caixas ou outros recipientes.
Gazeta Digital

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Obrigado Ao Homem do Campo



Obrigado ao homem do campo
Pelo leite o café e o pão
Deus abençoe os braços que fazem
O suado cultivo do chão
Obrigado ao homem do campo
Pela carne, o arroz e feijão
Os legumes, verduras e frutas
E as ervas do nosso sertão
Obrigado ao homem do campo
Pela madeira da construção
Pelo couro e os fios das roupas
Que agasalham a nossa nação
Pelo couro e os fios das roupas
Que agasalham a nossa nação
Obrigado ao homem do campo
O boiadeiro e o lavrador
O patrão que dirige a fazenda
O irmão que dirige o trator
Obrigado ao homem do campo
O estudante e o professor
A quem fecunda o solo cansado
Recuperando o antigo valor
Obrigado ao homem do campo
Do oeste, do norte e do sul
Sertanejo da pele queimada
Do sol que brilha no céu azul
Sertanejo da pele queimada
Do sol que brilha no céu azul
E obrigado ao homem do campo
Que deu a vida pelo Brasil
Seus atletas, heróis e soldados
Que a santa terra já cobriu
Obrigado ao homem do campo
Que ainda guarda com zelo a raiz
Da cultura, da fé, dos costumes
E valores do nosso país
Obrigado ao homem do campo
Pela semeadura do chão
E pela conservação do folclore
Empunhando a viola na mão
E pela conservação do folclore
Empunhando a viola na mão
Lá rá lá, lá rá lá, lá rá lá....

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Alimentos orgânicos nas garras do capital


Com o aumento da conscientização da sociedade sobre os prejuízos dos agrotóxicos à saúde,
cresce a possibilidade da população ficar refém de mais uma falsa solução: os alimentos orgânicos.

Texto e Fotos de André Guerra

Cada vez mais a população está consciente da incompatibilidade do desejo por qualidade de vida e o atual cotidiano das grandes cidades. Um dos pontos mais sérios acerca desta questão é o fato de uma pesquisa recente ter revelado que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Além disso, a campanha “Agrotóxico Mata”, encabeçada por movimentos sociais e estudiosos da área, estimou que cada brasileiro consumisse em torno de 5,2 litros de veneno por ano. O furor que a campanha está causando faz com que uma quantidade cada vez maior de pessoas tomem partido da necessidade de novos hábitos e padrões de alimentação.
No entanto, o oportunismo de grandes transnacionais traz o risco de não haver uma “transformação”, mas sim, mais uma readequação ao já arcaico modelo. Sobre isso, a Caros Amigos conversou com Sebastião Pinheiro, especialista no tema. Engenheiro Agrônomo e Florestal, atualmente Pinheiro atua no Núcleo de Economia Alternativa (NEA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre outros livros, ele escreveu “Ladrões de Natureza” e “A Agricultura Ecológica e a Máfia dos Agrotóxicos no Brasil”. Neste ano, ele lançou a “Cartilha da Saúde do Solo”, que aborda temas como a importância do pequeno agricultor apoderar-se das técnicas tradicionais e eficazes que compõem, segundo Pinheiro, a “verdadeira biotecnologia”. Os textos também trazem dados de como as grandes transnacionais estão inviabilizando a prática da agricultura dos pequenos produtores, criando um novo mercado baseado na biotecnologia industrial, pretensamente “orgânica”.

Caros Amigos - Como o senhor vê a questão dos agrotóxicos hoje?
Sebastião Pinheiro- Em 1978 eu comecei a dar treinamentos sobre o uso de agrotóxicos. Havia pessoas que defendiam o bom uso dos agrotóxicos, e eu sempre dizia que o melhor uso do agrotóxico é não usá-lo. Eles diziam que eu estava louco. Em 1981, eu fui enviado pra Alemanha por Delfim Netto, do Ministério do Planejamento. Lá, eu percebi uma coisa fantástica: na Alemanha, o agrotóxico era coisa do passado, já era assim em 1981. A Alemanha toda estava preparando a biotecnologia de ponta para o futuro. Eu cheguei lá e vi que só se falava em agricultura alternativa, que aqui, hoje, se chama de orgânica. E agora nós estamos ainda brigando contra os agrotóxicos.

E como está a situação dos transgênicos?
Eu comecei discutir os transgênicos em 1986. Eu dizia que essa coisa não iria longe, as indústrias tinham que ter alguma coisa guardada na manga. Ninguém é imbecil de comer veneno e ter câncer, mesmo que isso seja uma indústria lucrativa. Ninguém vê, mas comer veneno e ter câncer é altamente lucrativo. Basta ver os doutores de oncologia. Qualquer pessoa que chega aos 65 anos começa a reclamar que dói a próstata, dói isso e dói aquilo. Quando não deveria ser assim. Não deveria ser macabro. Eu deveria ser feliz até morrer. Os transgênicos começam a ser criados como artifício industrial militarista-econômico-financeiro em 1930.

Como é a regulamentação dos transgênicos?
Em 1988, houve a Constituinte. O então deputado Carlos Araújo, ex-marido da Dilma, em uma ocasião me perguntou o que eu achava da constituinte gaúcha. Eu disse que teria que ser acrescentado um item. Disse que surgiria um tema que iria fazer com que os agrotóxicos ficassem no chinelo: os transgênicos. As multinacionais iriam exacerbar sua atuação e iriam concentrar seu poder. Ele acrescentou o item e hoje o artigo existe, é o 251 da Constituição: “toda pesquisa, trabalho ou atividade que envolva organismos geneticamente modificados deverão ter permissão prévia do estado do Rio Grande do Sul”. Na constituição gaúcha está escrito isso.

Qual o destino dos agrotóxicos?
Nós temos a Lei 7802/89.  Vou repetir uma conversa que eu tive com o pessoal do MST daqui [ Rio Grande do Sul]. Eu disse para eles que para cada ato de fiscalização que eles me trouxessem dessa lei, eu pagaria 100 dólares – não tenho, mas pagaria. Qualquer ato de fiscalização da Lei Nacional dos Agrotóxicos, em qualquer um dos 25 estados da Federação. Lógico, não deve ser zero, deve ter um ou dois, aqui ou ali, mas por quê? Porque é proibido fiscalizar! A quem beneficia a lei hoje? Preste atenção, qual é a palavra criada por Bush para o mundo: a palavra terror. A palavra mais importante do planeta nesses últimos 10 anos foi terror. O terror impõe medo. O terror é o medo que o pequeno impõe ao grande quando o grande não consegue controlar o pequeno. Isso é terrorismo. O medo faz parte do cotidiano das pessoas. Quando você me traz a palavra agrotóxico, o contexto que eu vejo lá fora é de medo. Eu tenho medo do agrotóxico, então eu quero um alimento orgânico. Vai ser mais caro ou mais barato? Ele vai ser para uma elite mais abjeta e mais detestável. Essa é minha crítica à campanha dos agrotóxicos. Me dou muito bem com o Stédile, conheço ele, mas eu disse pra ele: não façam isso porque vocês não podem dar conta. Eu sempre uso uma expressão “ao inimigo eu não dou trégua, nem munição”. O problema do agrotóxico no mundo começa em 1961, quando a mulher norte-americana Rachel Carson, uma grande bióloga, descobre que está com câncer de mama, que era mortal naquela época. Ela escreve uma série de crônicas no New York Times sobre o que os Estados Unidos estavam fazendo com a sua agricultura. Na verdade, era o petróleo se transformando em agricultura. Ela compila isso no livro “Primavera Silenciosa”. Em 1968, tem início uma campanha contra os agrotóxicos no mundo inteiro. Quem é que faz essa campanha? As indústrias. Elas criam uma campanha controlada. Ou seja, conduzida e manipulada pelos interesses delas. Elas usavam a tecnologia. Quem tinha tecnologia de ponta de agrotóxico? Alemanha: 95%; Shell (anglo-holandesa); ESSO (grupo Rockfeller).

É possível produzir alimentos orgânicos para toda a sociedade?
E por que não?

De que forma se trabalha para isso?
Nós estamos fazendo uma campanha diferente. Nessa campanha, um curso foi dado ao MST, nos Filhos de Sepé, em Viamão (RS), durante três dias. Eu não estou mais falando de veneno, vou explicar o porquê. O veneno é um problema da indústria, não é um problema nosso. Qual é a minha preocupação: eu tenho um solo, se o solo é são, a semente colocada nele irá se desenvolver de forma sadia, o fruto dessa planta será sadio e quem comer o alimento vai ter saúde. Temos uma trilogia: solo são, planta sã, homem são. Preciso gastar algum dinheiro ou preciso trazer educação? Eu não retrocedo. A indústria pode induzir e manipular, mas eu estou lá na frente. A indústria jamais quer sua imagem afetada. Ninguém limpa a imagem de um produto no mercado. Hoje as empresas do ramo dos agrotóxicos estão com o pé preso. E eu vou manter o pé delas preso. A Bayer não vai se tornar uma empresa “sustentável” de “inóculos saudáveis”. Inóculos saudáveis são aqueles das vovós sertanejas. Aquilo sim é biotecnologia, aquilo sim é agroecologia crioula, cabocla, nativa, negra. A da Bayer, não. A briga não mudou de plano. O plano é o mesmo. A Bayer é uma empresa que fabrica o mesmo produto, o que mudou foi a matriz.

A luta tem de ser travada em qual plano?
Qual é o futuro? O futuro tem uma matriz tecnológica: a biotecnologia. Se você não souber biotecnologia, cai fora. Sai da reta porque eles vão passar por cima. É preciso dominar a biotecnologia quilombola, crioula. Se eles vão criar um mercado para daqui 25 anos, eu não estou preocupado com eles. Eu estou preparando esse mercado para dentro de três anos. Os orgânicos do Rio Grande do Sul são um dos melhores do mundo e não são elitizados. É isso que nós temos que fazer, senão eu danço a música que o outro toca.

Há um interesse das transnacionais nos produtos orgânicos?
A Inglaterra é campeã em te manipular e te induzir. Ela é a contra-inteligência hoje. Não pense que a Bayer, com um orçamento que é quatro vezes o do Brasil, e não tem 200 milhões de habitantes, não protege a sua marca, o seu nome. Em 1986, eu estava no IFOAM, a Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica, e o José Lutzenberger foi falar pela América Latina, e eu, pelo Brasil. A preocupação era o caso dos agrotóxicos no Brasil. Na hora do cafezinho, me disseram que tinha um cara com um crachá da Bayer no peito. Eu fui conferir. Chego lá, são quatro pessoas de gravata e terno preto. Eu olhei pra eles e falei em alemão: “Perdoem a minha indiscrição, eu teria uma pergunta para fazer para os senhores: esse aqui é o quinto congresso mundial de agricultura orgânica, o que a vossa empresa faz aqui?”. Sabe o que o cara me disse: “Saiba você que esse será o nosso maior departamento para dentro de 20 anos”. Ou seja, a Bayer já projetava como ia ganhar dinheiro no futuro.

Qual seria a participação deles nesse novo mercado?
Às vezes você nem vê. Eles estão aqui porque agora eles não são a linha de frente da ANDEF [Associação Nacional dos Defensivos Agrícolas, hoje, Associação Nacional de Defesa Vegetal], quando subornavam os funcionários burocratas do Ministério da Agricultura e quando corrompiam. Eu já presenciei várias vezes, em plena ditadura, aqui no Rio Grande do Sul, eles pegarem centenas de cruzeiros e colocarem na mão do jornalista para que ele fizesse uma matéria favorável a eles. Hoje eles estão na FIESP [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo].

Qual é o papel específico das empresas nessa nova economia?
Você acredita ainda que existe o Estado-Nacional?  Nem nos Estados Unidos existe. O que existe hoje é um colegiado de grandes empresas. Se quiser rir um pouco: Jorge Gerdau Johannpeter faz parte do governo Tarso Genro. E o pior é que o Tarso não sabe. E nós não nos damos conta disso. Hoje o jogo é esse. Não há Estado-Nacional. Quem manda é um colegiado de empresas. A palavra máxima de Adolf Hitler era a eugenia. Se você come cesta básica, eu não preciso te tirar o direito de voto, ele cai por si só. Se você comer orgânico, você é ascendido. Que tipo de sociedade é essa onde o pobre é obrigado a comer merda e o rico pode pagar mais caro por um alimento orgânico? Ela é democrática, fraterna? Não. É uma sociedade fascista. E não tem futuro.

Qual a responsabilidade que as indústrias têm sobre os agrotóxicos?
Quando uma indústria cria um agrotóxico, a primeira preocupação dela é procurar um governo que o registre. Porque a indústria só tem responsabilidade por 99 anos. A responsabilidade de um governo é eterna. Quem registra é o governo. Ele assume o interesse da indústria e executa o que a indústria quer. Por isso que, nos Estados Unidos, quando a indústria quer registrar algo, o Tio Sam diz: “eu registro, mas quero um depósito de 250 milhões de dólares para garantia de que não há o falseamento de nenhum dos dados e se houver algum problema eu não distribuo na costa do povo americano”. Recentemente, deu uma confusão com uma merendeira de uma escola com relação a um veneno de rato colocado na comida. Eles não estão discutindo uma questão mais importante. A empresa do veneno, chamada Nitrosin, faliu há 30 anos. Eu só observo e penso quem é quem e por quê. Tudo, hoje, é jogo de inteligência.  A coisa funciona assim: o décimo quarto assessor da OMC, não é o primeiro, é o décimo quarto, liga para o presidente e fala “senhor presidente, aquele crédito que o senhor precisa para habitação, saúde, infra-estrutura está pronto para ser liberado, estou com a caneta na mão, só precisamos de uma coisa: transgênicos, agrotóxicos...”. É assim que funciona. Se eles quiserem, ainda, telefonam pra Globo, SBT, Bandeirantes.

Quais os países que registram os agrotóxicos?
Hoje, é Brasil. Brasil e China.

Há algum episódio marcante em função do uso dos agrotóxicos no Rio Grande do Sul?
Um dia eu estava na UFRGS e chega uma menina e diz que é de Santa Cruz do Sul. Ela fala que vários pais dos amigos dela de Venâncio Aires estavam se suicidando. Eu perguntei se eram produtores de fumo, ela confirmou. Como ela era advogada, eu sugeri que ela pegasse os prontuários das ocorrências. Indiquei que  pegasse os dos últimos dez anos. Na Argentina, onde eu estudei, um professor uma vez me disse que no momento em que os inseticidas fosforados foram introduzidos na fumicultura, os suicídios cresceram em nove mil por cento. Depois de um tempo, eu comecei a montar os perfis dos prontuários que ela trouxe. Começamos a trabalhar eu, ela e mais dois: um médico com especialização em mortalidade e um especialista em fosforados. Num certo momento, eu falei para ela que não estava gostando do que estávamos fazendo. Nós estávamos trabalhando conforme a ciência acadêmica brasileira e eu não sou isso, nunca fui e nem quero ser. Eu disse que nós tínhamos que ter uma atitude. E uma atitude não era pesquisar a desgraça alheia. A atitude teria que ser parar com aquela merda. Ela me perguntou o que poderíamos fazer. Eu disse que deveríamos ir à comissão de Direitos Humanos e falar com um deputado bastante interessante, que depois não se elegeu mais, o nome dele era Marcos Rolim. Ele olhou e propôs que fizéssemos uma audiência pública, que era o que nós queríamos. Nós tínhamos encontrando que, no Rio Grande do Sul, havia o dobro de suicídios em comparação com o Brasil, e Venâncio Aires tinha quatro vezes o número do Rio Grande do Sul. Isso é um dado que assusta. Os resultados causaram uma comoção mundial. Se você procurar na agência espanhola, Reuters, AP, AFP, a agência alemã, todo mundo repercutiu a denúncia de Venâncio Aires. No mundo, o suicídio mais comum é na faixa etária entre 17 e 18 anos ou entre 60 e 70. Em Venâncio Aires, era entre 30 e 35.

Como essas indústrias estão interferindo na forma de pensar a agricultura?
Você sabe quem está fazendo a “Revolução Verde” na África, sem agrotóxico? Kofi Annan, Bill & Melinda Gates, Fundação Rockfeller, EMBRAPA. Todos estão lá e você pensa “o que tem a EMBRAPA a ver com a África?”. Os maiores centros financeiros do mundo estão na África e nós não estamos nem nos dando conta disso, nem sabemos o que significa. O nosso problema, hoje, é que nós não nos adaptamos à OMC e à economia globalizada. Um dado impressionante é que a Nestlé está fazendo contratos de agroecologia com agricultores nordestinos, aqui no Brasil. Orgânicos para a Nestlé! A lei brasileira de orgânicos não tem nada a ver com agricultores, ela se chama 10831/03. Hoje, na Etiópia, existem 40 milhões de pessoas passando fome. Sabe qual é a proposta da Nestlé e da PEPSICO? Barrinhas de cereais. Uma barra de cereal tem um custo de 0,01 centavo de dólar. Ela deve ser vendida a 3 dólares para as Nações Unidas. Dá margem de lucro ou não dá?  Hoje, para produzir orgânicos, você precisa pagar um certificado de orgânico que pode custar até 25 mil dólares. A lei te obriga a fazer uma certificação de alimento orgânico pela ECOCERT, por exemplo.

André Guerra é jornalista.

Feijão sobe 81,95% em um ano

Produto aumentou 31,87% só entre dezembro e janeiro; mesmo assim, cesta básica em Londrina teve redução de 3,69%.

Pelo segundo mês consecutivo, a cesta básica de Londrina apresentou redução de preço. O valor de janeiro ficou 3,69% abaixo de dezembro e nos últimos 12 meses o kit ficou 2,24% mais barato. Os números fazem parte da pesquisa mensal coordenada pelo professor de Economia Flávio Oliveira dos Santos, com a colaboração de alunos da Faculdade Pitágoras.

O kit básico no mês passado custou R$ 218,93 para uma pessoa e R$ 656,79 para uma família de quatro pessoas. Entre os itens que apresentaram redução, o destaque foi o tomate (-18,35%). Também ficaram mais baratos a carne (-9,42%), o açúcar (-7,59%), o café (-4,98%), a farinha (-1,55%), o leite (-1,54%), o óleo de soja (-1,32%) e o pão francês (-1,15%).

O coordenador da pesquisa justificou que a redução do preço da carne se deve à promoção de coxão mole em três dos estabelecimentos pesquisados. O quilo do produto variou entre R$ 10,97 e R$ 16,40. A média do produto ficou em R$ 14,17 neste mês ante R$ 15,65 do mês passado. Em função da metologia utilizada, o preço da carne teve peso de 42% na cesta. ''Por isso, o tomate e a carne foram os maiores responsáveis pela queda'', afirmou.

Com relação à redução de 2,24% registrada nos últimos 12 meses, Santos explicou que a redução do preço da carne bovina (-11,31%) teve grande influência. Também colaboraram o tomate (-32,44%) e o açúcar (-18,22%).

Em janeiro, tiveram aumento o feijão (31,87%), a batata (21,77%), a banana (5,08%), a margarina (4,66%) e o arroz (0,14%). ''O feijão passou de R$ 2,97 o quilo para R$ 3,92 em função do longo período de seca verificado entre o plantio e a colheita'', considerou o professor. Nos últimos 12 meses, o produto subiu 81,05%. ''O preço veio subindo aos poucos desde junho, mas teve um salto de dezembro para janeiro'', disse.

Fazendo a pesquisa de preço e adquirindo o produto mais barato em cada um dos nove supermercados consultados, a cesta para uma pessoa custaria R$ 161,97 e para uma família R$ 485,90. ''Seria possível uma economia de R$ 238,36, ou seja, de 49,05% para quatro pessoas'', observou Santos. O professor reiterou que a pesquisa de preço ainda é a melhor arma do consumidor.

Na avaliação de Santos, o valor da cesta básica não deve registrar queda nos próximos meses, ''devido à seca que a região está enfrentando''. ''Acredito que deva ficar estável ou até mesmo ter uma leve alta porque como há redução da oferta, o preço sobe'', acrescentou.

Feijão

Celi Salvatori, dona de casa, reparou que o preço do feijão está nas alturas. E ela já considerou que o aumento vai impactar na soma da compra do mês. ''O feijão vai ter de ser usado como sobremesa'', brincou.

A última vez que a auxiliar administrativa Miriam de Camargos Aljarilla comprou o produto, no mês passado, pagou R$ 1,99 pelo pacote de um quilo, na promoção. Ontem, ela se espantou com o valor praticado. ''Estou assustada. Nunca vi um pacote de feijão tão caro assim. Uma família que consome quatro quilos por mês gasta quase R$ 20 só neste produto'', disse.


Folha Web

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Índices do blog em constante crescimento

A você o meu muito obrigado pela participação e interação. O http://paulotecnico.blogspot.com/ chegou este índice graças a você!
Continuem sugerindo temas relacionados a agricultura, este espaço também é seu.


"Sempre atualizado".


Att



Paulo Técnico
Adm.

Programa Mais Produção - Cultura do Pepino em Dom Feliciano

Estivemos na propriedade dos Sr. Jorge Wlazel para um acompanhamento de sua produção de pepinos.
O produtor esta confiante que vai obter bons resultados na hora da colheita, pois o clima até então tem favorecido a cultura.

Parecer técnico:

 "A cultura de modo geral vem se desenvolvendo bem no município. Considero que o sol, logo após o plantio prejudicou as folhas do pepino, agora com estes dias chuvosos tem de certa forma favorecido a cultura", diz Paulo Junior da Silva Técnico em Agropecuária.


Pró Uva em Dom Feliciano

 Os Técnicos em Agropecuária Paulo Júnior da Silva e Vanderlei Binkowski juntamente com o Agrônomo Alex Dalmolin da Secretaria do Desenvolvimento Rural Sustentável e Meio Ambiente, realizaram uma "VISITA TÉCNICA" na propriedade do Sr. Marco B..







Uma das recomendações:
 A poda será a principal atividade a se fazer no parreral do Sr. Marco.

Histórico de Cotações


Milho seco SC 60 KG


Ano

 

Mês






Preço Médio






Média Nacional
2012 2 26,27 25,31
2012 1 25,80 24,81
2011 12 24,71 23,75
2011 11 25,14 24,64
2011 10 25,13 24,80
2011 9 24,98 25,04
2011 8 24,98 24,87
2011 7 25,07 25,07
2011 6 24,89 25,21
2011 5 24,31 25,16
2011 4 23,85 25,44
2011 3 23,25 25,02
2011 2 22,92 24,80
2011 1 22,45 23,35
2010 12 22,83 22,68
2010 11 21,91 22,11
2010 10 20,18 20,07
2010 9 18,73 18,34
2010 8 16,68 16,27
2010 7 15,67 15,35
2010 6 15,41 15,64
2010 5 14,72 15,23
2010 4 14,57 15,21
2010 3 14,66 15,35
2010 2 14,99 15,67
2010 1 16,23 16,55
2009 12 16,58 16,76
2009 11 16,90 17,12
2009 10 16,70 16,59
2009 9 16,55 16,83
2009 8 16,72 17,58
2009 7 17,43 18,33
2009 6 18,18 19,42
2009 5 17,85 19,20
2009 4 16,51 18,45
2009 3 17,31 18,94
2009 2 20,42 20,59
2009 1 20,00 20,34
2008 12 18,66 18,23
2008 11 18,90 18,31
2008 10 20,30 19,66
2008 9 21,73 20,78
2008 8 22,96 21,90
2008 7 24,98 24,20
2008 6 24,95 23,20
2008 5 24,53 23,64
2008 4 23,85 23,68
2008 3 23,64 23,99
2008 2 23,34 24,09
2008 1 23,96 25,37
2007 12 24,05 26,27
2007 11 21,50 23,43
2007 10 20,96 21,55
2007 9 18,63 20,78
2007 8 16,64 17,88
2007 7 16,20 16,56
2007 6 16,16 16,48
2007 5 16,14 16,51
2007 4 16,74 16,92
2007 3 17,35 17,86
2007 2 17,37 18,33
2007 1 17,06 18,71
2006 12 16,89 18,44
2006 11 16,18 17,27
2006 10 14,16 15,64
2006 9 13,31 14,20
2006 8 13,10 13,90
2006 7 13,02 14,44
2006 6 12,76 14,53
2006 5 11,64 13,42
2006 4 11,42 12,56
2006 3 12,79 13,50
2006 2 14,85 14,73
2006 1 15,39 14,65
2005 12 16,11 14,05
2005 11 17,06 14,51
2005 10 18,05 15,63
2005 9 18,29 16,48
2005 8 18,57 16,93
2005 7 18,30 17,16
2005 6 18,57 17,26
2005 5 19,11 17,63
2005 4 19,03 17,94
2005 3 18,36 17,15
2005 2 17,86 15,91
2005 1 17,10 15,68
2004 11 17,29 15,78
2004 10 17,75 16,41
2004 9 18,22 16,98
2004 8 18,19 16,91
2004 7 19,11 17,71
2004 6 20,05 19,01
2004 5 21,19 20,25
2004 4 20,83 19,49
2004 3 17,93 16,90
2004 2 16,61 15,57
2004 1 17,06 16,52
2003 12 16,95 16,96
2003 11 16,86 16,47
2003 10 17,10 16,52
2003 9 15,43 16,18
2003 8 14,34 14,70
2003 7 14,57 14,35
2003 6 15,90 15,90
2003 5 17,23 16,95
2003 4 17,81 18,90
2003 3 19,13 20,21
2003 2 19,69 21,96
2003 1 21,90 23,08
2002 12 24,33 24,48
2002 11 23,43 25,20
2002 10 20,04 20,57
2002 9 16,66 16,46
2002 8 14,79 14,99
2002 7 14,25 13,61
2002 6 14,04 13,41
2002 5 13,21 12,96
2002 4 12,76 11,78
2002 3 12,38 11,64
2002 2 11,83 11,67
2002 1 11,33 11,25
2001 12 11,05 11,16
2001 11 11,02 10,81
2001 10 10,82 10,51
2001 9 10,89 10,44
2001 8 9,75 9,71
2001 7 8,75 8,92
2001 6 8,45 8,44
2001 5 8,21 8,23
2001 4 7,91 8,03
2001 3 7,89 7,98
2001 2 8,23 7,85
2001 1 8,92
8,73

AGROLINK

Exportações de milho em janeiro: aumento em relação a dezembro

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil exportou 852,5 mil toneladas de milho em janeiro de 2012. O faturamento foi de US$243,1 milhões.

O volume cresceu 4,7% em relação ao embarcado em dezembro de 2011, mas diminuiu 17,0% frente a janeiro do ano passado.

O faturamento com as exportações em janeiro deste ano também aumentou 4,7% em relação a dezembro, já que o preço médio ficou estável, em US$285,00 por tonelada.

Em relação a janeiro de 2011 o faturamento caiu 3,3%. O preço médio da tonelada de milho exportada foi de US$244,00 naquela oportunidade.

A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) é de que o Brasil exporte 8,5 milhões de toneladas de milho em 2012. No ano passado foram embarcadas 9,5 milhões de toneladas do grão.

Confinamento em ascensão

Levantamentos apontam um crescimento de 29% no volume de animais confinados de 2010 para 2011 em Mato Grosso
 

Mato Grosso aparece em primeiro lugar nas principais atividades produtivas do país, como soja, milho e algodão, além de ter o maior rebanho bovino comercial, com 29.193.319 de cabeças, segundo números do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) divulgados em janeiro de 2012. Outro balanço extremamente positivo foi apresentado recentemente pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) colocando o Estado em uma posição privilegiada em termos de crescimento de animais confinados em 2011, com aumento de 29% com relação
a 2010. A crescimento do rebanho confinado nos últimos 6 anos foi de 548%.

O número de animais criados sob engorda intensiva saiu de 117.879 cabeças em 2005 para 763.947 bovinos em
2011, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os pecuaristas trabalharam em 2011 com 8,7% da área de pastagem comprometida com a seca iniciada em 2010. Dos 26 milhões de hectares de pastagens, 2,2 milhões morreram com a seca, cenário que desencadeou uma série de mudanças no setor.
 
O estudo levantou a participação do gado confinado nas escalas de abate através da distribuição de entrega dos
animais para os frigoríficos e dos números do abate total de bovinos em Mato Grosso. Verifica-se que a terminação de bovinos no sistema intensivo foi fundamental para que o abate alcançasse os elevados patamares registrados no segundo semestre de 2011, chegando a responder no mês de outubro por 48% do rebanho abatido, com um volume de 191,8 mil cabeças abatidas. O levantamento pesquisou também a participação de machos e fêmeas confinados no Estado, chegando ao número de 84,9% de machos e 15,1% de fêmeas.

A região Oeste e, principalmente, a Médio-Norte, grandes produtoras de grãos, apresentaram uma maior participação de machos confinados de 91,0% e 94,2%, respectivamente. Na avaliação do superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, muitas vezes, em função da falta de pasto o pecuarista tem que buscar alternativas para engordar o gado, encontrando saídas no confinamento, suplementação alimentar e no semiconfinamento,
considerado por ele uma das grandes alternativas de ganho para os pecuaristas. “Ainda não há dados concretos sobre a quantidade de semiconfinamentos no Estado, mas muita gente está fazendo. Isso porque exige
menos investimentos e espaço que no sistema tradicional de confinamento”.

O semiconfinamento é a utilização do sistema semi-extensivo para produção de gado de corte, ou seja, a engorda de bovinos em pastagens, porém com suplementação balanceada durante o período da engorda. Em relação
às instalações, os cochos podem ser rústicos, de preferência não fixos, possibilitando a troca de lugar dentro das pastagens.

Quanto ao manejo, Inicialmente é necessária uma pastagem vedada com capacidade de suporte para os animais a serem tratados. Geralmente, o período de semiconfinamento varia de 90 a 120 dias, sendo então necessária
uma quantidade de massa para alimentar estes animais durante este período. Não é recomendado que os animais mudem de pasto durante o trato. É necessária uma pastagem que suporte pelo menos entre 50 e 00 cabeças por lote pois o excesso de animais pode prejudicar o consumo da ração devido  competição.
 
Produção de grãos estimula prática
(Da Redação)
 
O maior aumento do gado confinado em ato Grosso ocorreu no Médio Norte, que teve lta de 72%. Já na região Oeste, o confinamento caiu 16,4%. De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o Médio- Norte é uma grande produtora de grãos, o que demonstra a verticalização da cadeia do agronegócio, transformando grãos em proteína animal. Vale lembrar que a oferta de grãos é um estímulo para essa atividade, o que segundo o superintendente da Acrimat pode fazer com que o Estado assuma o primeiro lugar no ranking de maior confinador do país - Goiás ocupa esta posição. “Mato Grosso tem todas as condições de se tornar o maior confinador de gado do Brasil, isso em médio prazo, já que
temos o maior rebanho comercial e também somos o maior produtor de grãos”.

A Acrimat observa ainda que o confinamento avançou em 2011, apesar de a variação do preço da arroba do boi gordo, entre julho e novembro, ter sido de 7,2%, bem inferior à valorização de 37,2% registrada em igual período do ano passado. O pecuarista Edras Soares, proprietário da fazenda Telles Pires, localizada em Nova Canaã
do Norte (699 Km de Cuiabá), diz que todos os anos confina uma média de 3 mil cabeças de gado. Segundo ele, no ano passado a rentabilidade realmente não foi das melhores. “A média do ano passado, comparada a 2010, foi mais baixa. Mas, como esta é a solução que temos de aumentar a rentabilidade, temos que fazer, este ano certamente será melhor”.

O responsável pelo setor de confinamento da Estância Bahia em Água Boa (30 km a Leste de Cuiabá) o zootecnista Reginaldo Meira Fernandes, diz que o número de pecuaristas que utiliza a empresa para confinar seus animais deve se manter estável este ano, com uma média de 30 mil animais. Sendo que este número em 2011 chegou a 36 mil em função da seca. Já na propriedade da Estância Bahia de Cuiabá, na BR-364, na saída para Rondonópolis, foram confinados em torno de 15 mil cabeças de gado de corte. O zootecnista explica ainda que os
produtores ao tomarem a decisão de fechar o animal em cocho geralmente analisar o custo de produção, observando o preço dos principais grãos utilizados, como milho, soja e caroço.

Além do custo do animal magro e o preço que ele vai ser vendido posteriormente. Este ano os animais começarão a ser confinados no final do mês de abril. O estudo da Acrimat levantou também a participação do gado confinado nas escalas de abate através da distribuição de entrega dos animais para os frigoríficos e dos números do abate total de bovinos em Mato Grosso. Verifica-se que a terminação de bovinos no sistema intensivo foi fundamental para que o abate alcançasse os elevados patamares registrados no segundo semestre de 2011, chegando a responder no mês de outubro por 48% do rebanho abatido, com um volume de 191,8 mil cabeças abatidas. (WT)

Manejo errado compromete produtividade

 
Zootecnista alerta para os cuidados e atenção às técnicas de contenção dos animais
Muitas vezes, mais por falta de conhecimento do que crueldade, alguns produtores acabam machucando pequenos animais, como ovinos e caprinos, no momento de fazer algum tratamento mais específico. Conforme Paulo de Tarso, zootecnista e coordenador da Cadeia Produtiva da Ovinocaprinocultura da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), diferente de um cavalo ou outro animal maior, não se pode laçar um ovino ou puxar a corda com força.

A prática, além de machucar o animal, prejudica sua produtividade. Daí a necessidade de conhecer bem as técnicas de contenção, prática exigida em muitas ocasiões na criação de caprinos e ovinos. Entre os motivos que justificam essa necessidade pode-se citar aqueles mais rotineiros como exames físico clínicos, vacinações, everminações, aplicação de medicamentos, curativos e casqueamento.

O zootecnista diz que o correto manejo dos animais nessas situações é fundamental para evitar lesões e traumas físicos, inclusive psicológicos. Assim, a forma com que essa contenção é realizada, além de ser essencial para o bemestar do animal e segurança de quem irá realizar as atividades, está diretamente relacionada ao temperamento e reação dos animais nas próximas ocasiões de manejo. O especialista lamenta ser bastante comum a contenção de forma inadequada, tanto por proprietários, tratadores e até mesmo pelos profissionais durante o manejo na propriedade.

Entre os exemplos estão a forma errada como algumas pessoas seguram os ovinos, pela lã, orelha ou rabo, o que acarreta, além de dor ao animal e possibilidade de fraturas, o aparecimento de hematomas que podem comprometer o aproveitamento e a qualidade das carcaças de animais destinados ao abate. Alguns procedimentos mais complexos (cirurgias, procedimentos que causam dor, animais muito grandes ou estressados) exigem o uso de acessórios (tais como cabrestos, cordas, maca ou brete) e/ou fármacos (tranquilizantes e anestésicos).

A contenção pode ser realizada como animal em pé, sentado ou deitado. A imobilização do animal se torna mais fácil se a intervenção for feita em pé, enquanto que a contenção do animal deitado ou sentado requer meios mais complexos para a imobilização, tornando-se arriscada para as fêmeas em adiantado estado de gestação. Se preferir trabalhar com os animais sentados ou deitados é importante tomar bastante cuidado na hora de derrubar e conter para evitar choques e quedas bruscas. No momento da tosquia, conter o animal sentado com a cabeça virada pode ser útil porque além de imobilizá-lo, a pele da região pescoço fica esticada e diminui a incidência de lesões pela tosquiadeira.

Algumas categorias, como as fêmeas gestantes, exigem maior cautela de quem irá realizar a contenção. Em primeiro lugar, é importante que o manejo dessas fêmeas seja feito sempre de forma tranquila e com o mínimo possível de estresse, evitando traumas e pancadas, isso porque estas são importantes causas de aborto em pequenos ruminantes. De forma que quanto mais acostumados estiverem os animais com o manejo e a presença do tratador, mais fácil, rápido e menos estressante será o trabalho. A imobilização deve ser feita com segurança e de forma firme, pois qualquer movimento brusco do animal pode provocar traumas, contusões, ou até mesmo aborto, reabsorção embrionária e lesões graves.

Cientistas desenvolvem laranja transgênica resistente a insetos


Cientistas da Universidade de Cornell, Estados Unidos, desenvolveram laranjeiras geneticamente modificadas (GM) que oferecem resistência a uma doença bacteriana que tem ameaçado a produção de cítricos em todo o mundo. As árvores foram modificadas para serem imunes ao Diaphorina citri, inseto responsável pela transmissão do greening da laranja, doença que faz com que os frutos fiquem permanentemente verdes, com gosto amargo, medicinal e azedo.

Kerik Cox and Herb Aldwinckle, pesquisadores envolvidos no estudo, identificaram alguns genes que naturalmente expressavam a característica inseticida em bactérias, fungos e plantas conhecidas por afastarem alguns tipos de insetos. Posteriormente, por meio da biotecnologia, os possíveis genes de resistência ao inseto vetor do greening foram inseridos em plantas de tomate para testar sua eficiência. Uma vez que alguns tomateiros apresentaram a característica desejada, os genes foram transferidos para uma variedade de laranja.

Aldwinckle espera que os resultados dos primeiros testes com as laranjeiras transgênicas estejam disponíveis em um ano.

O Greening foi identificado inicialmente na Flórida em 2005 e, desde então, espalhou-se por todos os países produtores de frutas cítricas. O atual combate ao Diaphorina citri é feito por meio do uso de inseticidas e do corte de árvores contaminadas.

Fonte: Cornell University - Janeiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Produção mundial de arroz surpreende

 
 
 
Produção de arroz em 2011 pode ter alcançado um novo recorde, revela a Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação. Estimativas preliminares apontam para um aumento de 21,4 milhões de toneladas
 
 
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revela que a produção global de arroz em 2011 pode ter alcançado um número recorde. Acredita-se que o valor possa ser superior em três por cento ao que foi registado em 2010. Resultados preliminares apontam para um aumento de 21,4 milhões de toneladas de arroz, refere a Rádio ONU.

Boas colheitas na Ásia incentivaram o aumento da produção. Apesar da subida do preço do arroz e das cheias que afetaram o sudeste da Ásia, o continente conseguiu produzir 1,5 milhão de toneladas a mais do que se previa em novembro. No continente africano, o aumento deve ser de um por cento em relação a 2010. As colheitas também foram positivas na América Latina, Caraíbas e Oceânia.

Apesar destes bons resultados, a organização prevê uma queda no comércio internacional de arroz que pode chegar a um milhão de toneladas. O preço do arroz continua elevado, alerta a organização. Em média, em todo o mundo, os consumidores pagaram 10 por cento a mais, por cada quilo deste cereal, em relação ao que pagaram em 2010. Recorda-se que o arroz é um dos cerais mais consumidos no mundo e um alimento de base nos países asiáticos.

Arrozeiros do RS querem pagar dívidas em 35 anos


Abertura da colheita, em Restinga Seca, pode ser palco de manifesto dos produtores
 
Depois de acumular dívidas que chegam a R$ 3,15 bilhões em cerca de 20 anos, os produtores de arroz estão se mobilizando para pressionar o governo federal para que seja encaminhada para o Senado uma proposta para que o débito seja pago nos próximos 35 anos.

A ideia dos arrozeiros é aproveitar a 22ª Abertura Oficial da Colheita, que acontecerá este mês em Restinga Seca, para pressionar o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, para que um projeto de lei seja elaborado e encaminhado ao Senado. A medida passou a ser idealizada na tarde de da quinta-feira (02), no encontro que reuniu cerca de 140 produtores de 40 cidades no CTG José Bonifácio Gomes.

O presidente da Associação dos Arrozeiros de Tapes, Luiz Carlos Chemale, afirma que apresentou a proposta para Mendes Ribeiro Filho no ano passado, quando ele ainda estava exercendo o mandato como deputado federal.

Chemale defende que uma lei seja aprovada permitindo que o produtor tenha 35 anos de prazo para pagar a sua dívida, com dois anos de carência. O pagamento seria feito conforme o lucro do produtor a cada colheita, não podendo ultrapassar 4% ao ano. A taxa de juros proposta é de 2,5% ao ano. Esta proposta está sendo avaliada pelos ministérios da Agricultura e da Fazenda.

O presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez Petry, considera a proposta de parcelamento em 35 anos adequada.

“O diferencial deste plano para o passivo das nossas dívidas é que é interessante para o governo, para os bancos e para a sociedade, porque desta forma que está sendo colocado teremos condições para o pagamento. É viável”, enfatiza Petry. Ele observa que renegociar as dívidas dos produtores para três ou quatro safras é arriscado, pois eles podem não conseguir pagar devido ao pouco prazo. Ele afirma que outras duas medidas são necessárias para a categoria: um seguro e uma política que garanta renda ao arrozeiro, pois nos últimos anos em várias safras o arroz foi comercializado por um valor menor que o mínimo.

SOJA - Produtores de soja também estiveram presentes no encontro da quinta-feira para debater alternativas para o endividamento do homem do campo. Petry entende que os sojicultores também devem ser beneficiados com uma lei que garanta um prazo para quitar as dívidas em casos de perdas, como está sendo registrado neste ano devido à estiagem. O passivo da soja é estimado em R$ 2,6 bilhões, incluindo as dívidas relativas ao financiamento do cultivo de milho e trigo. “Acho que todos os agricultores devem estar unidos neste momento, independente da cultura, seja de várzea ou de coxilha”, defende Petry. Segundo ele, a partir de agora é preciso se organizar para protestar em Restinga Seca. Ele antecipa que o movimento deve ser pacífico para aproveitar a oportunidade de um contato direto com o ministro Mendes Ribeiro Filho.

Preços do trigo no RS superam em até 12% valor pago no PR

Clima e alta tecnologia empregada nas lavouras gaúchas fizeram com que o Estado superasse o Paraná em termos de produção, na última safra.
 
 
O clima e tecnologia empregada nas lavouras de trigo na última safra apresentam seus méritos agora, com relação aos preços. Em alguns casos, as cotações chegam a ser superiores do que no Paraná – principal estado produtor do país. Essa situação ocorre porque o produto gaúcho teve melhor qualidade do que o paranaense, que também teve quebra de safra por causa do clima. Por causa disso, a safra 2011 foi a segunda na história em que o Paraná obteve menor produção do que o RS.

De acordo com o analista de mercado, Luiz Carlos Pacheco, de Curitiba, como o plantio do cereal ocorre em épocas diferentes nos dois estados, o clima prejudicou a qualidade das lavouras do Paraná e favoreceu as do Rio Grande do Sul. Além disso, desestimulados com os baixos preços do ano anterior, os triticultores paranaenses também não aplicaram toda tecnologia de produção disponível, por ser muito cara. “Assim, o resultado foi que tivemos uma produção menor e preços menores”, comenta.

Até 2011, o Paraná era o principal estado produtor de trigo do país. Mas na última safra o RS ultrapassou, conforme os dados do último levantamento de Safras feito pela Conab. Na safra 2011/12, o RS plantou 932,4 mil hectares de trigo, contra 1.042,5 mil do Paraná. Mas, o RS teve uma produtividade maior: 2.941 quilos/hectare, contra 2.399 kg/ha do PR. Como conseqüência, o RS colheu 2.742,2 mil toneladas de trigo e o PR colheu 2.501,0 mil toneladas.

O produtor gaúcho também cultivou mais trigo pão, em torno de 80%, contra a média de 30% ou 50% dos últimos anos. Além de usar sementes de trigo de melhor qualidade, o RS foi favorecido com condições climáticas próximas do ideal, condição que não ocorreu com o PR, que sofreu com geadas e chuvas fora de hora.
Mas conforme Pacheco, o produtor tem que ter em vista as necessidades do mercado na hora da formar sua lavoura. “O que ocorria até recentemente, era que o triticultor não pensava nisto, plantava qualquer tipo de trigo e depois vendia tudo para o governo, o que ocasionava um descompasso no mercado. O problema maior da expansão do trigo no Brasil parece ter sido a interferência do governo na comercialização, implantada na década de 60, quando passou a tutelar 100% da produção e comercialização do cereal, comprando tudo o que o produtor produzia, sem nenhuma exigência de qualidade, numa ponta e vendendo na outra para os moinhos a preços subsidiados. Com isto, acostumou o produtor a ‘plantar para o governo’, e não para o mercado, não se preocupando em aprimorar a qualidade do trigo e as indústrias se acostumaram a buscar qualidade e volume no exterior, modelo que funciona até os dias de hoje. Agora, aos poucos, o mercado volta a se alinhar: produtor - moinho - indústrias - consumidor final. E, com isto, todos ganham, inclusive o país, porque a longo prazo, principalmente quando houver mais rentabilidade vinda deste alinhamento, a área de trigo no Brasil certamente vai aumentar muito e poderemos até exportar”, destaca.

Conforme o analista, essa situação aconteceu com muitos outros produtos que começaram a ter plantio extensivo depois do trigo, como a soja, o milho, o café e a cana de açúcar, que não só cresceram e abasteceram o mercado interno, como geram grandes excedentes para exportação.

De acordo com dados do analista de mercados, hoje os preços pagos aos produtores em Cascavel, Londrina e Maringá, que são as maiores regiões produtoras do PR, estão ao redor de R$ 23,00/saca; em Campo Mourão, também grande produtor, está a R$ 21,82. Em compensação, está em R$ 24,63 em Irati e R$ 26,74 em Ponta Grossa, mas estas são praças compradoras de trigo (embora também produzam). Já os preços médios do Rio Grande do Sul estão a R$ 24,00 em Bagé, Cachoeira do Sul e Cruz Alta e R$ 23,00 em Carazinho. O que aponta que há mais praças gaúchas pagando mais.

O normal é que os preços do PR sejam maiores, porque produz trigo pão e no RS se produzia mais trigo brando. Mas, como neste ano o tipo do produto foi quase o mesmo, e a qualidade do cereal gaúcho foi melhor, os preços ficaram melhores no RS.

Alguns moinhos buscaram no Norte do RS trigo brando, mesmo assim, é vantajoso, porque o RS tem o problema da super produção: produziu 2.742,2 milhões toneladas e só consome 1.100 milhões de t, acaba sendo necessário escoar o excedente. Entretanto, como está longe das indústrias, porém, este escoamento é mais viável para exportação, apesar de que, qualquer volume escoado, por pouco que seja, sempre ajuda.

Além disso, Pacheco destaca que um problema que deve se intensificar em março, é o espaço nos armazéns, quando entram as safas de soja e milho, que dão maior rentabilidade ao agricultor, e às cooperativas e cerealistas, precisando escoar o trigo, o escoamento para o PR é vantajoso.