Programas e alternativas à produção de tabaco, cada vez mais são realidade em Dom Feliciano. A diversificação de culturas está deixando de ser um mito, algo assustador para o homem do campo, para tornar-se algo palpável, possível. Diversificar nada tem a ver com terminar, impedir a produção de tabaco, mas sim, tornar a produção diversa, variada.
A família de Isauro Estanieski – moradores da região de Cerro dos Coqueiros, interior de Dom Feliciano - é um bom exemplo disso. Aderiu a diversos programas, agregando renda e deixando de depender exclusivamente do tabaco.
Os Estanieski utilizam apenas mão de obra familiar. O patriarca Isauro e sua esposa Zélia, o primogênito Jairo casado com Ana e o caçula Juarez com Leandra, trabalham unidos e, numa iniciativa arrojada – eram essencialmente produtores de tabaco –, com apoio da Administração Municipal, decidiram diversificar. E para eles tudo está dando muito certo.
A venda de produtos para o Programa de Alimentação Escolar gera renda a curto prazo para os Estanieski. Eles também estão inscritos no PAA (Programa de Aquisição de Alimento) que em breve entrará em funcionamento.
Além disso, a família tem um hectare de parreira de uva (Programa Pró-Uva) implantado. A escavação de um açude para participação no Programa Mais Peixe, foi concluída há algumas semanas. Também, árvores de bergamota e laranja foram plantadas. Alternativas que renderão num prazo um pouco maior, reforçando ainda mais a propriedade.
Nos dias 29 e 30 de novembro aconteceu em Dom Feliciano a IV Reunião da Rede Temática de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco. Em seu primeiro dia, terça (29), o encontro foi realizado na câmara Municipal de Vereadores.
Na quarta, 30 de novembro, os integrantes da Rede Temática visitaram duas propriedades no interior de Dom Feliciano. Pela manhã, a propriedade da família de Laone Ortiz, produtor de leite e tabaco, além de alimentos para subsistência. À tarde, a família visitada foi justamente a de Isauro Estanieski.
Dentre os integrantes da rede: acadêmicos, especialistas e pesquisadores, vindos de diversas regiões do país, representando Poder Público e órgãos que trabalham com o tema. Também autoridades e representatividades, locais e regionais. A organização do encontro ficou a cargo da Administração Municipal, através de sua Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável e Meio Ambiente.
Em pauta: avaliação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco – principalmente de seus artigos 17 e 18: “alternativas economicamente sustentáveis à cultura do fumo” - no cenário internacional e nacional. Os debates discorreram ainda sobre ações da Sociedade Civil para implementação da Convenção Quadro e de potencialidades produtivas e superação da pobreza rural.
Ainda, fez parte do encontro, o balanço do amplo Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, em andamento no município de Dom Feliciano, nas áreas de saúde, comunicação e produção.
O município de Dom Feliciano tem como base econômica a produção de tabaco. Das 2.570 propriedades de agricultores familiares, 1750 são produtoras de tabaco.
Como 88% da população do município depende da agricultura, a Prefeitura criou em 2009 o 1º Fórum da Agricultura Familiar. Este ano ocorreu a sua terceira edição, em paralelo ao X Fórum de Desenvolvimento Rural da Região Centro-Sul. Deste espaço de debate e da vontade política do Governo de Dom Feliciano, nasceram vários programas de diversificação da renda familiar. Programas que encontraram eco no Governo Federal, através de suas esferas ministeriais e órgãos afins.
Para seguir o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no mínimo 30% da alimentação escolar deve ser adquirida da agricultura familiar. Em Dom Feliciano, calcula-se que até o final do ano, cerca de 50% da alimentação escolar, seja adquirida dos produtores rurais do município.
O Programa Mais Peixe, com ações simultâneas de capacitação, assistência técnica e custeio das obras de escavação dos açudes, visa estimular a piscicultura em Dom Feliciano. Além disso, agregar renda aos agricultores familiares.
Este programa tem o apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura e pretende incentivar a produção de peixes em 60 propriedades de agricultores familiares. Para cada família foi elaborado um projeto individual, com licenciamento ambiental. Seis açudes já estão concluídos e dois em andamento. Os tanques do programa têm como padrão 60x80m, aproximadamente 5000 m² de lâmina de água.
A Administração Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável e Meio Ambiente, fornece aos produtores rurais, o frete da cama de aviário, frete do calcário e patrulha agrícola. Isso representa cerca de 40% do custo do empreendimento;
A Equipe da Secretaria e EMATER prestam toda orientação técnica para correta implantação e condução do trabalho com as videiras. 33 propriedades participam do programa Pró-Uva;
25 mil mudas - feitas a partir de parreiras já implantadas no município - foram produzidas no horto municipal, possibilitando a adesão de novos produtores ao programa. Esta produção representou uma economia de aproximadamente R$ 40.000,00 aos cofres municipais, em comparação se as mudas tivessem sido compradas.
O Programa de Avicultura Colonial é um projeto realizado em parceria com o MDA e Emater. Os recursos já foram disponibilizados e aguarda-se a autorização para a compra dos equipamentos e insumos para formação de aviários de corte e postura. Haverá a aquisição de abatedouros, indústria de ração, classificação de ovos, veículos para transporte de insumos, transporte da produção, tendo um acompanhamento da ATER.
Existem 16 produtores de leite em Dom Feliciano. O transporte do produto, das propriedades até a empresa compradora, é feito pela Prefeitura. Também, uma parceria foi firmada com Amaral Ferrador, pela qual, a produção do município vizinho (que inicia na atividade leiteira), é transportada pelo caminhão donfelicianense. Desse modo, diminuindo os custos para ambas as administrações.
O PAA surge num momento em que cresce o número de agricultores interessados em diversificar. E eles precisam de mercado. 62 cooperados irão.
Com o objetivo de agregar o máximo de valor possível para os agricultores familiares, diretamente ou através da cooperativa, e conquistar novos mercados, vários projetos estão sendo desenvolvidos como forma de organizar as cadeias. Aqui destacamos os principais: Central de Processamento de Alimentos, Padaria comunitária, Caminhão transportador, Agroindústria de sucos e outros derivados, Espaço de formação. Ainda, em seu início, encontram-se projetos para a Produção de Nozes e Ovinocultura no município.
Créditos:
Leandro Porto
Jornalista
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