O tempo seco em algumas partes do Cinturão do Milho nos Estados Unidos e a alta
no preço da soja podem contrariar as projeções do governo de uma safra de milho
recorde para este ano.
O Departamento de Agricultura dos EUA, ou USDA,
projetou na sexta-feira que os agricultores vão plantar mais hectares de milho
neste trimestre do que em qualquer ano desde 1937. Mas os operadores de
commodities estão apostando que todo esse plantio não vai necessariamente
resultar numa safra recorde.
O período de plantio está tendo um começo
difícil em algumas partes do Cinturão do Milho, onde o recente inverno do
hemisfério norte deixou o solo com baixa umidade. Isso significa que será
necessário cair mais chuva para garantir uma produção adequada. Além disso, a
alta nos preços da soja pode levar alguns agricultores a mudar seus planos de
plantio no último minuto, trocando o milho pela soja.
Apesar de que a
safra do milho provavelmente será grande, os mercados futuros estão mostrando
cautela quanto ao verdadeiro volume, num momento em que a forte demanda está
esgotando os estoques, já baixos. O preço para entrega em dezembro ainda está
bem abaixo do preço para entrega em maio, mas subiu nos últimos dois pregões
apesar do relatório do USDA, sugerindo que muitos duvidam de que a safra será
tão grande quanto sugerem as estimativas de plantio. Na Câmara de Comércio de
Chicago, o milho para entrega em dezembro, o primeiro contrato depois da
colheita deste ano, subiu 0,9% na segunda-feira, para US$ 5,45 por bushel (25,4
quilos), um salto de 49% em relação aos US$ 3,7625 da mesma época de 2010. O
contrato para maio fechou em alta de 1,7%, a US$ 6,55 o bushel.
"Não
importa o quanto se planta; o que importa é o que vai crescer, e só isso já vai
forçar os operadores a incluir nos preços o medo das ameaças climáticas", disse
Tim Hannagan, um operador da corretora PFG Best, de Chicago.
Os
agricultores têm aumentado a área plantada com milho em resposta à alta recorde
dos preços. A demanda está sendo puxada pelo aumento no consumo mundial de aves
e bovinos, que são alimentados com o grão, e pelas exigências do governo
americano, que aumentaram o uso de etanol na gasolina.
É verdade que
alguns que acompanham a safra americana observam que a seca se limita sobretudo
à parte oeste da região Centro-Oeste do país, e que o milho leva vários meses
para crescer, período em que as condições de seca podem mudar.
"As
pessoas estão falando em um desastre que levará mais quatro meses de seca para
se concretizar", disse Seth Naïve, um agrônomo da Universidade de
Minnesota.As safras de milho do Brasil e da Argentina para este ano já
ficaram aquém das expectativas, pressionando os agricultores americanos a
recompor seus estoques de grãos. Mas o inverno ameno deixou partes do
Centro-Oeste sem neve. Algumas áreas de cultivo, no norte do Estado de Iowa e
sul do Estado de Minnesota, que juntas representam cerca de 11% da safra de
milho americana, ou 1,1 bilhão de bushels no ano passado, enfrentam condições de
seca de moderadas a graves.
A falta de água no solo poderia resultar em
menor produtividade, reduzindo a quantidade de milho produzida por hectare. O
rendimento ficou abaixo das expectativas nos últimos dois anos, impedindo os
agricultores de repor os estoques consumidos pela forte demanda interna e
mundial.
The Wall Street Journal